terça-feira, 8 de dezembro de 2009
À saudade
É cachaça, penetra no corpo e faz transpirar
Se for das “marditas”, te fará suar em bicas
Tem o peso do seu corpo sobre o meu
Dói como seus dentes mastigando a minha boca
Tem o contorno do seu ombro que me escapa no vazio
A saudade faz dos meus sonhos pau-de-arara. Eu grito por liberdade, mas ninguém me escuta. Nada toca mais alto do que os Beatles que nos embalam
A saudade fede a solidão
A solidão é de quem fica
quinta-feira, 3 de dezembro de 2009
quinta-feira, 26 de novembro de 2009
Bresson, quero brincar!
Experimentei, caminhei pelas ruas procurando o sublime que se mostra no corpo. Comprovei mais uma vez a genialidade do fotógrafo - depois da frustração de não conseguir as fotos desejadas -, resolvi abrandar a tristeza, descrevendo-as. A partir de agora, fique de olhos bem abertos:
Imagem1 – As três moças da rua Avanhandava
Caminhava pela rua, quando reparei em três moças encolhidas umas nas outras, unidas de tal modo que fez lembrar a Medusa, tentavam em vão proteger seus vestidos curtos do vento forte, ao fundo, senhores vestidos elegantemente observavam a cena.
Imagem 2 – Dois ganhadores de um único jogo
Em uma esquina no centro da cidade, dois garotinhos brincavam de apostar corrida em volta de um canteiro. Até que um deles desistiu ao perceber que não alcançaria o outro, o duelo estava perdido. O outro, quando notou que perderia o parceiro de brincadeira, diminuiu o ritmo, deixando que o adversário ganhasse. Acredito que só Bresson conseguiria fotografar o momento da vitória: o do primeiro porque ganhou e do segundo porque brincava.
Cena 3 - Área para fumantes
Finalmente consegui tirar uma foto, mas confesso, essa foi fácil. Os cativos, digo, fumantes, não podiam se movimentar muito durante o ato. A cena cotidiana me chamou atenção pela (...). Diga você, o que vê?

quinta-feira, 19 de novembro de 2009
Será que merecemos um apocalipse?
São tantas teorias, inúmeros filmes, muitos são os materiais que falam do fim. Do pó, do sumiço, do famoso “já era”.
Epidemias globais, meteoros, terremotos, tsunamis, guerras nucleares, profecias, 2012, o Sol.
1999 passou incólume tirando alguns casos isolados. Não fomos beneficiados pelo fim nesse fatídico ano. Alguns que pensaram sobre e viveram loucamente a véspera do “fim” começaram o ano 2.000 fechando parcelamento bancários.
Dez anos se passaram e mais um fim é anunciado. Faltam-nos 3 anos segundo as previsões que colocam 2012 como o ponto final sem reticência na historia humana. Mas enfim, será que nós merecemos isso? Somos dignos de não termos mais o sofrimento, as angústias e as lamurias que todas as gerações viveram sem apocalipse? Somos merecedores de não enterrarmos nossos amados? Qual nosso mérito para sairmos sem pagar a conta do cemitério?
E mesmo para os que ficam o apocalipse seria uma opção interessante. O espólio de um mundo sem alguns bilhões de pessoas deixaria a vida de quem fica mais tranqüila, pelo menos no que tange a esfera de recursos naturais e as próprias bem feitorias deixadas pelo homem, colocaria os remanescentes numa condição de vida confortável. Dependendo claro do tipo de apocalipse, mas enfim, acredito que espaço não faltaria.
Sinceramente, não sei e não há caminhos para saber, mas devemos admitir é muita pretensão acharmos que somos tão especiais assim em detrimento dos que viveram e morreram antes.
sexta-feira, 16 de outubro de 2009
Tempo e Espaço
No ponto de ônibus uma senhora pede dinheiro para o café, informa que já tem uma parte, mas precisa interar. A garota que espera a carona lhe oferece um pedaço de ciabatta. Ao fundo, vindo de um boteco, escuto a voz ardida do garçom que faz questão de dizer que é gay , se é que boteco tem garçom.
Uma punk onisciente para em minha frente. Uma digna Deusa da Urbanidade com seu enorme moikano de raízes vermelhas, o rosto de um branco tão branco que não encontro humanidade nele, suas roupas rasgadas reluzem a vitória de alguém que parece ter saído de uma guerra, que sem ao menos ter lutado consagrou-se vencedora. Ela me olha como se questionasse “ a minha alma” . Eu me pergunto, será que o “corpo dela apodrece?". Linda!
A transação é feita, o atendente embaraçado desculpa-se pelo transtorno. Caminho, a garoa mais do fina me acompanha. Um bêbado me encara, abaixo os olhos e seguro firme meu resfenol. Ele balbucia: o que é a vida? Senão a própria vida.
Levanto a cabeça e vejo dezenas de quadrados coloridos – as janelas vestidas com suas cortinas. Tal qual um caleidoscópio em que atrás das cores se revelam vidas.
A senhora pede dinheiro para a jovem no ponto de ônibus, ela repete não ter e que está ali só esperando uma carona. "É, mas a sua carona tá demorando, né? Você não quer esse dinheirinho pra pegar o ônibus?" diz a senhora-pedinte.
Miro o horizonte, aprumo meu caleidoscópio e pisco. Afinal, as combinações são infinitas.
sexta-feira, 2 de outubro de 2009
Rua das Flores

A placa de aluga-se amarela com o tempo. O prédio espera os moradores que não chegam. O degrau do portão é o travesseiro de quem não tem nada além de sua pele gasta. Um de nós sem endereço para receber cartas ridículas, como toda boa carta de amor. Sem porta para abrir e sentir o cheiro do café que vem da cozinha. Sem chão, sem teto.
Aos poucos, nos distinguimos, nós e eles. Transformamos humanos em animais. Nos recusamos a olhar para o espelho, do contrário, veríamos lindos cavalos adestros que só enxergam o caminho à sua frente. Cavalgamos presos aos nossos cabrestos sociais com sede de acumular egos ou cartões. Mas a esperança é que o Cabresto, por força ou acaso, se desfaça. Nerudas nasçam pra dizer que a dor de um ser morreu na vitória de todos.
O sono deles é a nossa insônia.
quinta-feira, 24 de setembro de 2009
Extra-extra-extra!
Quem sabe um post?

Já passava da 1 da madrugada, a Consolação estava só. Chovia tanto que não havia espaço para maldade. Caminhei pelo meio da rua, faróis verdes ou vermelhos não faziam mais sentido. Em meus ouvidos: o choque bruto da água que cai contra o guarda chuva. Retardei o quanto pude os quarteirões que me levavam para casa.
Ela está lá, pendurada na porta do pequeno guarda roupa. Luiz Francisco* costumava passar cuidadosamente a camisa do seu Corinthians e saía pela rua exibindo a liberdade das grandes paixões. Faz tempo que ele não veste sua liberdade, com medo de que seu barraco suma sem mais nem porquê, ele não vai mais ao estádio.
A moça dança com a taça de dry martini na mão, no ritmo do rock n' roll mergulha dos dedos na taça e os desliza nos lábios do parceiro.
Solte seus cabelos, foi o que ele pediu a ela que sempre viveu com os cabelos presos.
Abri um livro em um sebo e encontrei essa foto, deixei o livro, mas levei a foto.
Talvez, só talvez, tudo isso não passe de uma chuva tão forte que corre em direção ao bueiro e quando acaba, perguntamos: será que choveu? Com sorte, teremos sol amanhã.
quinta-feira, 10 de setembro de 2009
Perfume
Perfume me faz lembrar da dona Ana - ela tinha uns 60 e eu uns 8 - uma senhora suave com seus vestidos florais e sapatilhas de pano nos pés, caminhava sem pressa, carregando uma sacola de feira cheia de frutas. Percorria a vila vendendo as delícias do seu sítio. A minha fruta preferida era a Laranja Lima, raramente tinha na sacola dela. Não à toa,representava muito espaço, peso e baixo custo. Para comprar minhas laranjas, tinha que acompanhá-la até sua casa, era sim lá no interior. A casa sempre fechada e muito escura. Ela pedia que eu esperasse e ia abrindo aos poucos as janelas e portas da sala em direção à cozinha, a casa cheirava a pomar: banana, abacaxi, laranja, manga. Laranja Lima! O idioma da dona Ana era o da dúzia: meia dúzia, uma duzia, duas dúzias. Eu dizia: quero quatro, dona Ana. Ela, meia dúzia, né fia? Eu concordava. Era sempre a mesma coisa, mostrava as laranjas e depois sumia pela casa adentro a procura de uma sacolinha, escutava ao longe o barulho do plástico e o arrastar das sandálias em atrito com o chão. É, a casa da dona Ana era como um perfume lacrado, quando ela abria a porta, no breu, sem saber ao certo onde estava, sem ver nada, meu olfato era aguçado de uma maneira que, sentia violentamente o buquê das frutas invadir o meu nariz.
Como os sentidos se completam, corria pra casa e pedia para meu pai descascar, ele fazia o chapeuzinho do vovô - é quando você não parte a laranja ao meio, só faz uma tampinha bem pequena. Infalível, sempre doces as Laranjas Limas.
Há alguns dias uma fragrância me acompanha, não vem da vizinha, nem de algum pomar longínquo. É a essência de uma pessoa, seu perfume: essa junção de elementos que o tornam único. Maior que minha curiosidade, só o meu medo. Sem pulmão para respirar fundo, inalei paulatinamente o moço. Temi a embriaguês. Mas como um sentindo leva ao outro, ainda sinto seu gosto na minha boca.
Há quem diga que, quando se vive o mágico, leva-se seus fragmentos por toda a vida. Assim como dona Ana que vendias as frutas, mas retinha em sua casa o perfume. Guardo as essencias que a vida me dá no silêncio da minha memória, e, aos poucos - diante da visita - vou abrindo as janelas da minha alma.
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segunda-feira, 31 de agosto de 2009
Cooperifa
O simpático Márcio Batista, exímio Anfitrão, sentou-se em nossa mesa e aplacou a sabatina dos perguntadores. Contou que, a Cooperifa surgiu de uma idéia de Sérgio Vaz, em 2000 reuniram-se por volta de 50 artistas e 200 pessoas em uma fábrica vazia em Taboão da Serra para um sarau. O grupo se expandiu e passou a se apresentar no bar do Bodão, também em Taboão da Serra, os sócios venderam o bar e os poetas choraram sem ter espaço para os encontros. Porém a cooperativa encontrou seu canto e, a partir de 2002, o reduto tornou-se o Bar do Zé Batidão, Piraporinha, Zona Sul de São Paulo.
Para Márcio, quando os moradores da periferia olhavam para o futuro, viam refletidos no espelho dois destinos: “ o do trabalhador que deu certo e do marginal. A Cooperifa mostrou que outro caminho é possível, o mundo das artes e da comunicação”. Como esse caminho passa pelo conhecimento, muitos moradores voltaram a estudar.
A Cooperativa de poetas é um espaço aberto à poesia, rap, esquetes teatrais, crônicas e, também, um divulgador de outros eventos culturais que acontecem na região.
Quem vai à Cooperifa é cooperiferico, quem fala ao microfone é poeta. Então, façamos silêncio: o sarau vai começar. A poesia é uma prece, e a única regra durante a oração é o silêncio.
As estrelas da noite vão passando e nos encantando com os sons, as cores, as paixões e os desejos de suas poesias. Até que, Sérgio Vaz, idealizador do projeto, recita Porém, nele: “ As palavras sempre me vieram como culpa e não como estrelas”. Ainda sem ar, escuto o poeta Fuzil, conhecido como metralhadora de palavras, dispara Ferreira Gullar em Bomba Suja: "Quem come o arroz que ele plantou?"
Ph Mc, um garoto de aparentemente 15 anos, com rap nos olhos e muita vontade nas mãos esbraveja: “ nossa alma jamais vão trancar”. Quando me pergunto, é isso que se produz aqui? Wesley responde. "O que se produz na geografia da Dor? Eu digo: beleza, força e vivacidade. É o que se produz". "E amigos e inimigos debaixo do mesmo teto", segundo Márcio.
Assim como a árvore que assiste a tudo, bem ao meio do bar – o palco dos poetas – a Cooperifa também tem raízes, outros projetos e eventos. Entre eles o Joelhaço: homenagem ao dia internacional da mulher, em que os homens se ajoelham, simbolizando um pedido de desculpas pelas agressões cometidas. Balões com poesias são soltos ao vento em abril. Chuva de livros, uma vez ao ano, todos os presentes no sarau ganham livros. Cinema na Laje, com sessões de documentários sobre a periferia.
Olhando os poetas, percebo que estou longe de dar conta do vivido. Esses retalhos de poesias transcritos aqui, não são nada perto de tudo que eles tecem. Mais importante que dizer o que é a Cooperifa, é viver a Cooperifa. Tomo para mim, as palavras do cooperiferico Quintela, sobre uma conversa com Sérgio Vaz: "Eu não choro por uma rudez minha, mas dá vontade”
terça-feira, 18 de agosto de 2009
Rabisco de Fábula
O sonho de Marianinha , a mariposa, é ser uma borboleta. Seu pais não entendem o porquê disso. É sempre um bater de portas, horas ao telefone e muitas lágrimas, tudo por um único motivo: ser o que é - uma mariposa.
Para seu pai, é uma ofensa, geração após geração de mariposas e Marianinha querendo ser borboleta. Nos somos raros, borboleta tem em qualquer lugar, mariposa não! Mas não adianta, não há quem consiga fazer Marianinha arredar asas de sua vontade. Sonha em ser uma das bailarinas do conservatório Floral das Borboletas do Além Terra. De repente um grito do quarto de Mariana – que não passa de uma fissura no tronco de um Ipê roxo - Com os olhos arregalados lê: Concurso Seja Uma Super Pop Borboletinha. A revista Carrapicho promete transformar qualquer espécie voadora : abelha, mosca, mariposa etc... em uma super pop borboletinha. Basta enviar uma resposta dizendo porque você merece ser escolhida .
Marianinha enviou duzentos e cinquenta e-mails e uma animação. No dia do resultado, escondida de seus pais, bateu asas e voou em direção ao seu destino. Em sua pink mochila, seus talismãs: sua aqua-chapinha e o brochinho que sua avó lhe dera quando ainda era bebê – uma mariposa e uma borboleta de mãos dadas . No meio do caminho, uma bifurcação, e ela não sabia para onde ir, à direita ou à esquerda? Encontrou um Grilo lindo, nunca tinha visto um tão elegante, de um verde que se desprendia no ar. Perguntou se ele conhecia o Jardim Novo Mundo. Ele disse que era funcionário do pedágio, e que, pela nova aerovia, chegaria muito rápido, só que para isso, deveria deixar algo de valor com ele.
Marianinha abriu a mochila, só havia seus dois talismãs. Pegou o broche, mas lembrou da sua avó, dos domingos de cafuné e bolinho de chuva, recusou. Ofereceu a aqua-chapinha. O Grilo insistiu no broche e provocou: pela aerovia eu garanto que chega antes do anoitecer, mas pelo outra caminho, com o ar rarefeito e todos os perigos da floresta não saberia dizer. Marianinha, apesar de mariposa, tinha pavor do escuro. Respirou fundo, abertou a Pink mochila contra o corpinho e seguiu pelo caminho mais longo, mas com broche.
Cansada de voar, resolveu parar à beira de um lago. Já estava anoitecendo, logo seria revelado a ganhadora do concurso e ela ainda estava muito longe, perdida. Foi quando ouviu um barulho. Quase um arroto. Pensou, quem é o porco? Mas não era um porco, era um sapo. Flavinho, o sapinho gente boa. O sapo questionou: o que uma mariposinha faz uma hora dessas longe de sua árvore? Marianinha lembrou de seu pai: fique longe dos sapos. Quando eles abrem a boca... Mas sem que, nem porquê, simpatizou com o Flavinho. Talvez por conta de seus suspensórios. Concluiu silenciosa: ah! uma pessoa malvada não usaria suspensórios coloridos. O sapo achou a história estranha e emendou: eu nunca quis ser príncipe, mas, contemporizou, cada bicho com sua espécie, né?
Esticando seu suspensório ordenou: Marianinha, suba nas minhas costas, vou te levar ao Jardim Novo Mundo. Ela aceitou, e de pulo em pulo chegaram em um suspiro. Foi um susto desejado, quando dizeram seu nome. Ela chorou por dentro, já que esquecerá de passar o rime à prova d’agua, e não convinha dar uma de mariposa, agora que seria borboleta. Borboleta não chora, ri, disse o anunciante da Carrapicho.Você será uma super pop borboletinha luminosa. Ninguém a reconhecerá. Nem meus pais? Nem eu, perguntou o Flávinho. Ninguém. Além da transformação corporal, faremos uma educação celebral. Você terá lembranças borboletais, nunca saberá que um dia foi uma mariposa na vida. Não é fantástico? Marianinha chorou, não se importou em borrar à fantasia, doeu abrir mão de seu sonho. Escolheu o caminho mais longo, à sombra das mariposas ao sol das borboletas.
quarta-feira, 12 de agosto de 2009
Dia estranho
Antes:
9:30 - Acordei com o telefone tocando, minha irmã me despertou, pois esqueci meu despertador, o meu celular, na casa dos meus pais. Estava saindo de casa, quando lembrei que esqueci de colocar água para planta - deixei a porta entre aberta - foi o tempo de buscar água e abrir a janela, quando voltei à porta, tinha um homem parado. Dei um grito falho - um daqueles momentos que tudo parece em câmera lenta - e questionei: o que é isso? O homem pediu desculpas e saiu. Foi para o apartamento 121, perto do elevador. Moro no 125, meu apartamento é no canto e o último do andar, não dá passagem para nenhum lugar, não há motivo para alguém ir até lá, a menos que vá até minha casa. A visão daquele homem olhando minha casa, me assustou. Claro que me senti invadida, minha bagunça de dias à mostra, mas foi bem mais do que isso. Nunca senti medo de morar sozinha. Mas ver alguém dentro da minha casa, sem o meu consentimento, me tirou do eixo.
10:25 - O caixa do banco sorridente perguntou: Tudo bem? Aquilo foi tão estranho, alguém que não conheço perguntando se eu estava bem. Respondi comercialmente: tudo bem.
10: 45 - Um homem exótico entra no ônibus, ele era bonito, mas um bonito-desconhecido, não consigo definir sua nacionalidade. Latino Americano sim, mas com um tom de pele que foge do branco ou moreno, olhos que lembram os dos chineses, porém claros.
11:00 - Ele desce, o trânsito para dentro do túnel, a ambulância tenta passar, é o anúncio do acidente - sua sirene constrange todos os passageiros, não era a sirene usual : íon,ionn, era continuo, parecia a representação do quadro o Grito, continuo em sua angústia.
12:00 - Chego no trabalho, antes de entrar, percebo que o moço que sempre cruza comigo na mesma calçada, mudou de lado.
Tudo parece tão calmo agora, olhando pela janela: a mesma planta seca no quintal;as mesmas paredes; a mesma escada abandona no canto; o mesmo sol de inverno. Só não sei precisar a razão dessa “inquietude” que corre sem parar entre meu estômago e meus olhos.
Ps: O post "certo" fica para semana que vem, se a vida não me atropelar.
terça-feira, 14 de julho de 2009
Casanova Apaixonado
Outro dia, perguntei como ele conseguia permanecer ileso diante de todas aquelas mulheres. Sem nunca se encantar por alguma. Ele revelou “é como se eu fosse um para cada uma delas, mas eu nunca sou todos que posso ser ”. Porém, se nas estórias sempre acontecem grandes reviravoltas, a vida não poderia ser diferente. A campainha tocou de manhã, abri a porta e um vento invadiu a casa. O vento mudou de curso, Casanova está apaixonado. Sentem-se, pois a peça só está começando...
terça-feira, 30 de junho de 2009
Pinga, papo, petiscos & Paradiso
O Claudio – hermano pra mim, Mil para Blog - que, por vezes, da honra da sua graça, aqui, no pitadascotidianas, engatou uma conversa sobre o Cine Paradiso. Ele estava um tantinho revoltado com a história do homem que se propôs a ficar cem dias e cem noites, fizesse chuva ou sol, debaixo da janela da sua amada, para provar o seu amor. “ Cem dias!!” exclamou o hermano: por que não 15 dias? Já seria o suficiente!! No filme, o Alfredo contou a estória para Totó que não titubeou, plantou guarda na frente da janela da Elena, a sua amada.
**
Eu fui pra casa, era uma sexta – feira tão fria que nem o Del Rey foi capaz de me animar.
Na hora de dormir fiquei pensando no Cine Paradiso, no meu trecho preferido do filme, que farei suspense.
***
Antes, eu quero te perguntar uma coisa.
Você já sentiu que conhece alguém, mesmo não conhecendo? De repente você está em um lugar qualquer - uma roda de samba, uma padaria, na esquina de casa - e a pessoa aparece, você nunca a viu, mas você a conhece. Não do passado. Não que lembre alguém. Parece confuso, mas não é. Você a conhece, mas não é um conhecer de saber as preferências dela. É um conhecer sem palavras. Sem saber dizer o quê ou como.
Assim é a minha pessoa, você deve ter a sua. O meu é amigo do amigo do amigo, nunca cheguei a trocar mais do que cinco frases completas com ele. Não que eu não quisesse, tenho um mundo de coisas pra falar, mas fico Noel: perto dele me calo, tudo penso e nada falo.
Ele é definitivamente o Cara Estranho que chegou e não quer perder aquilo que já tem, exibe à frente um coração que não divide com ninguém. É como se ele vivesse a alguns centímetros do chão, ele não flutua em um mundo encantado, se nega a pisar. Me olha com a mesma curiosidade que vive, pelos cantos, sorrateiro, uma sombra do seu próprio fantasma. Eu finjo que não vejo, até porque não consigo ir mais além nesse muro...Mas como eu quero que o moço deixe de ser a sombra atrás cortina , sim, eu sou quem espera um gesto debaixo da chuva.
Só por um dia, segurar sua mão sem pressa, dançar com ele de pés nos chão e olhos fechados e, mesmo que só por uma noite, fazê-lo entender que estar Aqui - e Não Lá - em chão firme, por mais duro que seja, ainda é a melhor resposta.
****
A minha parte preferida do Cine Paradiso é quando o Alfredo agarra o pescoço do Totó e, antes de sua partida, sussurra em seu ouvido: “ Vá e não olhe para trás .Vá e não volte jamais”. Alfredo temia que Totó, assim como ele, nunca partisse...
No final das contas, o conselho do Alfredo pode servir tanto pra ele: o Cara Estranho, quanto pra mim e meu conhecimento mudo. Talvez seja a hora de partir e não voltar mais para coisas tão simples e tão assustadoras quanto um beijo e uma lágrima.
*****
Eu não sei se foi Pinga, papo, petiscos ou Paradiso demais, mas Maguinha, já que foi no seu dia, Feliz Niver. Muitos PPPParabéns!!!
quinta-feira, 25 de junho de 2009
Tempo
A rosa estendida
Rajadas de luzes
O perfume das flores
Jardim sem fim: as falas de amor
A moeda incessante, gira,gira, gira...
Olhares falantes dentro de mim
Só, escuto um grito
Uma alvorada de formigas tomam meus pés...avançam pelo meu corpo
Silêncio
A rosa estendida
O braço serrado
Vaso sem flor
Passos sem sincronia
Tempo, tempo, queima
E me leve pra bem longe
quarta-feira, 3 de junho de 2009
Postizinho besta

Acordar com João Gilberto
Trocar o sapato pelo moletom
Estar na esquina da sua vida,
Olhar pro céu, e ver a lua cheia
É saber que, em algum canto da cidade, tem amigo que torce para que o mundo gire a seu favor
O cheiro do seu prato preferido
Pedir uma revista e ganhar duas
É sentir a primeira nota que vem do piano
Ter alguém que te entenda, sem que seja preciso dizer
É beijar o desconhecido de olhos fechados
sexta-feira, 22 de maio de 2009
Abaporu
Pedro e Amélia casaram-se por amor, com toda a pompa e circunstância. Isso significou: vestido branco e noiva casta, mas não obtusa. Noivo de barba feita e flor na lapela.
Amélia sempre foi uma mulher discreta, viveu bem ao lado dos filhos. A casa era ponto de encontro dos amigos, por sua abertura. Em silêncio, orgulhava-se de ter apostado em si, no que acreditava: em relações justas, em não compactuar com o machismo, que para além dos homens, sabia que grudava, feito música ruim, no pensamento. Não casou–se novamente e não se sabe que tenha tido outras relações. Pedro zelou pelo filhos, a seu modo, com cuidados com a educação e obrigações com o futuro. Casos não faltaram, seu olhar forte e seu toque - há um só tempo: rude e protetor - sempre agradou às mulheres.
Amélia sente que o tempo mudou, mesmo que o vento ainda seja brisa. Diverte-se com as peripécias amorosas de sua neta. Percebe que daquela mulher, que um dia foi árvore, pouco ficou, restam apenas as folhas. De quem, pouco-a-pouco, desprende-se. Amélia caminha com dificuldade, e lhe resta apenas 20% da visão. Pedro, apesar das noites mal-dormidas, está firme, embora sua visão também esteja prejudicada. Ele também não mora mais sozinho.
Era fim do verão quando Amélia decidiu conversar com seu filho, o mais próximo, dos quatro. A voz serena mascarava o receio, pediu a casa dele emprestada para que se encontrasse com seu pai. O silêncio do filho constrangeu Amélia, e ela questionou: você acha a idéia asquerosa? Ela sempre foi de ouvir e fazer em silêncio. Infelizmente, Amélia não conseguia ver os olhos mareados de seu filho. Benjamim olhava para aquela mulher, alta e forte, mesmo sentada. Ela nunca questionou o porquê dele não querer casar e ter filhos, ou financiar uma casa. Em um tempo em que ser gay, era anormal. E hippie, marginal.
Benjamim, sempre admirou Amélia, mas surpreendeu-se com a mulher à frente, sua mãe, expressando a vontade do seu desejo. Amélia terminou: sinto que precisamos fechar nossa história.
E assim foi, numa casinha escondida em Pinheiros, Amélia e Pedro amaram-se por todo um final de semana. Benjamim chegava fazendo barulho, para repor o que faltava na cozinha. Via os vestígios de seus pais pela casa, ou melhor, pelo quarto e pelo banheiro, como dois adolescentes descobrindo-se, banheiro-quarto-quarto-banheiro. Mas, o único que sabe, além de Amélia e Pedro, o que realmente aconteceu na casinha de vila, é o Abaporu. Que cresceu tanto, que teve que ser abatido, mas está lá, e mesmo estendido no chão, presenciou o tatear desejoso de Amélia e Pedro, que transaram-que-treparam-que-fizeram- amor.
Ps: Como nada é por acaso, ou tudo é puro acaso, Abaporu significa homem que come.
quarta-feira, 6 de maio de 2009
Quando não há palavras
quinta-feira, 30 de abril de 2009
Não definir o caminho
Ou pelo menos, não todo ele
Delícia cavalgar sem rédeas
Ao bel prazer do surreal
Fluir conforme a maré
Fácil é andar sem decisões
Na contramão das tendências lógicas
No refluxo vespertino
E tentar herdar o espólio irreal
Torcer pela fantasia e abstrair a sintaxe.
Nutri-se da fome rotineira
Surgir na alvorada escura
E fazer a fotossíntese lunar
Desejar sumir em um copo americano
Ser absorvido pelas raízes de uma árvore urbana
E por fim, plagiar tudo aquilo que ainda não foi pensado
Mas, por ora, elaboremos mais um orçamento.
sexta-feira, 24 de abril de 2009
Menino à moda antiga
Meu menino à moda antiga. Ele é calado, mas fala com os olhos. Antes de me beijar, segura a minha nuca. Depois do beijo, me aperta contra seu peito e beija a minha testa. Pergunta se pode me acompanhar até em casa. Segura a minha mão e me coloca do lado de dentro da calçada. Ele é íntegro e não cede a pressões, pensa no futuro e vive arquitetando coisas por aí...Eu envio e-mail pra ele, mas ele responde como se fosse uma carta: lê, pensa e recebo o e-mail-resposta depois de uma semana. Ele não tem coragem de dizer que não quer nada comigo, então diz: obrigado por ligar. O menino à moda antiga não é meu, é do mundo. E no fundo, fico contente em saber que, a qualquer hora, uma garota vai ganhar beijos em noites de lua cheia, andará abraçada debaixo da chuva e suspirará. Afinal, ainda existem homens à moda antiga.
quarta-feira, 22 de abril de 2009
Retrato
terça-feira, 14 de abril de 2009
TROCA DE PASSE

Preliminar:
Quinta-feira, 09 de abril de 2009. O São Paulo F.C. vai jogar contra o Defensor Sporting, do Uruguai, pela Copa Libertadores da América. Como todo são-paulino, espero ansioso, pois esta é a competição que mais gostamos, uma das que mais ganhamos e o sonho de todo grande time. Hoje em especial, pois ganhei dois ingressos para o jogo, numerados, no conforto.
18:00 hrs, chamo o Messias, torcedor são-paulino que trabalha comigo e tem certa semelhança com o mascote tricolor e saímos rumo ao Morumbi. Da Vila Mariana até o Morumbi é rápido, de carro com trânsito livre dá meia hora. O jogo é as 19:15hrs.
Saímos. Ligo o rádio do carro para entrar no clima. Já estão falando sobre o jogo. O São Paulo entrará com força máxima, brigando pela classificação e para manter a liderança do grupo. Já o Defensor entra um pouco modificado, 3 alterações em relação ao último confronto, no Uruguai. Sinto cheiro de goleada. A noite é quente, a lua é cheia, amanhã é feriado. Tudo propício para uma ótima noite.
Mas estamos em São Paulo, e estes fatores têm também seu lado ruim. Primeiro: 18:00hrs = horário de pico = trânsito; segundo: véspera de feriado e calor = trânsito; terceiro: jogo no Morumbi = trânsito nas avenidas próximas. Transito, transito e transito.
Começamos a andar taticamente pela cidade, procurando uma brecha pela qual poderemos chegar à cara do gol. Tentamos uma rota: marcação cerrada, implacável, impossível passar. Tentamos outra, agora com sucesso, mas o caminho fica um pouco maior. Troco de estação no rádio. SulAmérica Auto. As instruções técnicas sobre o trânsito procuram ajudar, mas está difícil. O maior congestionamento do ano: 230km. Jogo truncado nas ruas de São Paulo.
Nos carros ao lado já vejo outros são-paulinos, todos no mesmo ritmo de jogo. Trocamos passes, pedimos um lançamento, e o jogo continua...
Triiiiiiiiiiila o apito o árbitro. Bola rolaaaando. Começa o jogo:
Começa o jogo no Morumbi. No carro, continuamos tentando o drible perfeito. O São Paulo entra em campo, mas o ritmo não é bom. São Paulo não anda hoje, está travado. O comentarista diz que Hernanes quer caprichar demais e erra passes, enquanto Arouca não repete suas boas atuações. Do lado de cá, Júlio se mostra apreensivo, não chega na bola, e Messias procura um espaço no trânsito, sem sucesso.
O teeeeempo passa, tooorcida brasileira. O locutor avisa: 38 minutos do primeiro tempo. Bola com o Defensor, cruzamento, Rogério Ceni vai fácil pra bola, espalma de forma estranha e... ela cai dentro do gol: Defensor 1, São Paulo 0.
“- Não posso acreditar!” – digo a Messias, ainda imóveis na Av. Morumbi.
Jogo tenso:
- “Caralho! Não acredito! Já perdemos o 1º tempo todo. Deste jeito vamos perder também o 2º” – acrescento.
E assim termina a primeira etapa.
No intervalo o time conversa. Muricy tenta ajeitar a equipe para a segunda etapa. Sai Zé Luiz e entra Dagoberto. O São Paulo vai pra cima.
“- Júlio e Messias, é com vocês. Entrem lá e virem o jogo” – falo que Muricy falou.
Aviso:
“Um gol meu e outro seu, Messias”
Finalmente estacionamos. Logo de cara uma advertência: R$20,00 pra deixar o carro na rua. Mas não nos abatemos e vamos pro jogo.
Morumbi lotado.
Tudo pronto. Comeeeeeça o 2º tempo.
O São Paulo vai pra cima, é outro time. Mais agressivo, nem sombra da apatia do 1º tempo. Dagoberto dribla, faz bons passes. Hernanes joga simples e bonito. A defesa se acerta, não dá espaço aos uruguaios. Um lance de perigo atrás do outro. A torcida incentiva, não pára um só minuto de cantar.

Bola na lateral, o atacante do São Paulo avança, invade a área, o goleiro sai, um simples toque pra encobri-lo e... na traaaaaaave. No travessão. Uuuuuuuuuhhhh.
Mas o tempo ta passando, chegamos à metade do segundo tempo. Bola levantada na área, Washington escora de cabeça e Borges pega de primeira, uma bola quase perdida que vai no ângulo: GOOOOOOOOOOOOOOLLLLLL, do São Paaaaaaaaulo.
A voz começa a sumir, ficamos roucos.
E maaais um ataque. Outra bola levantada na área, confusão, bate-rebate e... Olho no lance: ÉÉÉÉÉÉÉÉÉÉÉÉÉ DO SÃO PAAAULO. CONFIRA COMIGO NO REPLAY, FOI, FOI, FOI, FOI, FOI, FOI ELE: DE NOVO, BOOORGES, O CRAQUE DA CAMISA Nº 17. Quando eram jogados redondos 28 minutos da segunda etapa, após a confusão na área com o bico da chuteira ele tira do goleiro e acerta o canto esquerdo da meta do goleiro uruguaio, sem chances de defesa.
Com este resultado o tricolor garante a classificação e fica a um empate de garantir também o 1º lugar no grupo.
Todos felizes no estádio! As bandeiras se agitam. O Morumbi é só festa. A festa está completa. O São Paulo administra o jogo no campo do adversário e ainda chega com perigo.
Agora sim, depois de um dia dificílimo, teremos tempo pra tomar umas cervejas, comer o lanche de pernil e comentar a partida e nossa fundamental participação no resultado. Demos sorte, precisamos ir mais vezes! Pois aqui dentro do estádio não há tempo para mais nada, o juiz apita: FINAL DE JOGO! Tivemos nossa porção de sofrimento, temperada com pitadas cotidianas de alegria, que deu o sabor da noite.
quarta-feira, 8 de abril de 2009
O som da minha infância
Nenhuma das famílias me impressionou mais que aquela, não lembro nomes, me esforço, mas não consigo. Lembro deles: um casal e duas filhas. Eles tinham costumes curiosos, não havia lixo no banheiro, às vezes o encanador visitava-os, mesmo assim não alteravam o costume. A caçula, da minha idade, gostava de brincar de dentista e a mais velha vivia batendo portas, mais tarde descobri que isso não é tão diferente assim, na verdade, é bem normal, na adolescência. Mas o que realmente marcou foi o pai delas, ele tocava Jazzofone. Porém, nunca tocava na presença da família, e toda vez que ia tocar, fechava toda a casa. Quando eu o via fechando as janelas, sabia: era hora do show. Ele tocava por volta de 1 hora, eu sentava na escada, do lado de fora da minha casa, e ouvia. Até hoje não sei o que ele tocava, mas sentia. Por vezes lembro-me daquele homem - sozinho, fazendo música e abafando sua sonoridade aos olhos do mundo.
A lembrança de uma menina de pernas finas, pequena em relação àquela escada, ouvindo o som abafado que vem da casa vizinha é uma das lembranças mais fortes da minha infância. Esse é o som da minha melancolia.
quarta-feira, 25 de março de 2009
Liberdade

Não sei se alguém reparou , mas na semana passada não teve post. Eu estava pensando em algumas possibilidades de texto, a mais clara era sobre o Pasv, um restaurante quarentão que fica na São João, a foto ao lado é um pedacinho do Pasv, o pedacinho que ficou do azulejo português. Ah! Mas os donos são espanhóis.
O texto, na maioria das vezes, surge aos poucos na minha mente, durante dias, frases e imagens ecoam, até que viram esses rabiscos que eu, despudoradamente, revelo a você. As imagens estavam opacas ainda quando meu irmão me ligou na tarde da quinta-feira. Por alguns segundos pensei que a ligação estava com algum problema, mas não, meu irmão chorava compulsivamente. Eu nunca vi meu irmão chorar daquela maneira, já o vi choramingar. É claro que meu irmão não é uma rocha, ele deve chorar como fazemos, quase, todos nós: no escuro das nossas casas, embaixo dos lençóis, no chuveiros, escondidos sempre - tendo nossas lágrimas abafadas por trilhas sonoras e secando nosso sal nos travesseiros. Mas naquele dia, a dor foi maior, muito maior do que orgulho, a vergonha de chorar ou de sentir. Às vezes penso que temos vergonha de sentir.
Só a morte é maior que a dor de ver, ou sentir, no meu caso, quem você ama sofrer. Foi assim que ele me disse: Tata, o Thor fugiu... demorou para ele terminar a frase e explicar: O Thor, o cachorro dele, estava em uma casa para cruzar com uma cachorra, aproveitou do relapso de alguém que abriu o portão e fugiu. Eu fiquei ali, sem ter o que fazer e desesperada por isso, a verdade é que eu não tinha idéia da real importância do Thor para meu irmão, ninguém tinha. Como era impossível conversar com ele, liguei para minha mãe mais tarde. Ela explicou que eles haviam procurado por todos os lados e espalhados os conhecidos cartazes. Eu aqui, longe, de mãos atadas, mesmo diante de minha fé que mais parece um anjo caído, pedi pra Buda, pra Deus, para São José, já que era o santo do dia, comi Zepolle – doce feito pelas padarias italianas, apenas 1 vez por ano, no dia de São José, e mentalizei.
Foram dois dias, até que às 07:20 da manhã o telefone tocou, e meu irmão disse: Tata, eu acordei com os latidos do Thor, ele voltou pra casa sozinho. O cachorro percorreu por volta de 5 quilômetros, isso calculados em linha reta, imaginamos que conseguiu pelo faro, mas sabe-lá-só -Deus- Buda- ou- Santo-São José como o Thor conseguiu voltar pra casa.
Desliguei o telefone, e a vida me pareceu mais bonita, o cachorro perambulou durante dois dias por lugares estranhos a ele, mas conseguiu voltar para casa, para os braços de seus donos. Amor é isso: a liberdade de poder estar em qualquer lugar, mas ter vontade de estar apenas em um lugar, ao lado de quem se ama.
Ah! O Pasv, se vocês forem ao restaurante durante a semana, verão pouquíssimas pessoas, a mesma garçonete que ali trabalha por mais de 15 anos, os simpáticos e sobreviventes proprietários, e o que restou do azulejo que denuncia a existência de antigas paredes. Paredes dos tempos áureos do Pasv, do tempo em que todas as mesas eram ocupadas, do tempo em que os pratos não eram recolhidos sem uso. Do tempo em que alguma coisa acontecia nos coracões quando se cruzava a Ipiranga e a avenida São João. Mas se forem ao Pasv em um domingo, poderão encontrar senhores de paletó e senhoras que cheiram a talco. Com sorte, verão um casal de namorados. Namorados há mais de 40 anos, e enquanto seu prato não vem, perceberão que eles poderiam ir para qualquer outro restaurante, mas não, eles vão ao Pasv.
terça-feira, 24 de março de 2009
Clau, pulando a cerca?
Se você quer desvendar esse mistério, acesse: http://pulaomuro.blogspot.com/2009/03/consumo-e-status-olhar-antropologico.html E veja como a ciências sociais pode ser muito divertida...
Ah! Eu to pulando o muro!
quarta-feira, 11 de março de 2009
Ela desatinou...
Ela acordou com o despertador. Do sonho, restou a frase: "se você virar um caco, eu faço mosaico de você".
Como de costume, desligou o despertador, virou para o outro lado e dormiu por mais meia hora. Levantou. Foi arrastando-se até o chuveiro. Sentir a água cair por seu corpo era seu único prazer diário. Vestida de ombros encurvados e óculos escuros seguiu para o trabalho. Lá, ria da mesma piada repetitiva, esforçava-se somente o necessário e entupia-se de café. Mas não naquele dia. A frase a perseguia.
Á noite, não conseguiu dormir. Seu corpo exalava uma mudança que não compreendia. Foi em direção ao espelho, hesitou...Ela sabia que não veria apenas uma imagem, a sua, era bem mais do que isso. Na verdade, ela nunca quis enxergar o que sempre esteve diante de seus olhos. Com a voz fina, quase um arrepio, disse: "eu sou um caco".
Ligou o chuveiro, no primeiro toque d’água morna em seu corpo, fechou os olhos. Nua, caminhou até a sacada e se lançou ao nada. Seu corpo espatifou-se tão violentamente que voltou a levitar, antes que tocasse definitivamente o chão transformando-se em espelhos de vários tamanhos.
Era terça de carnaval e, no meio da bagunça, ninguém reparou na moça que se jogou do prédio. A Escola do bairro, que mais parecia um bloco, se aproximava. A porta- bandeira tremeu quando viu todos aqueles cacos espalhados pela rua, um escorregão, um erro. Seria fatal. O mestre sala segurou firme em sua mão e curvou-se. Ela arqueou o corpo, fixou seus olhos no infinito e rodou, brilhou, balançou a saia pra-lá-de-rodada. E, ao fim, com os olhos lacrimejados beijou a bandeira da Escola.
Há quem chorou, suspirou, parou e cantou mais forte o samba enredo.Todos sambaram sobres o cacos, muitos cortaram-se, mas o sangue quente impediu a dor.
Pedrinho esperou todos passarem e começou a pegar os poucos pedaços que sobraram do espelho. A moça amarga da janela da frente, que mais parecia um natureza morta, esbravejou: "Ô menino, o que você vai fazer com esses cacos?". Antes que Pedrinho explicasse, completou: "cerol, não é? Você não sabe que isso mata pessoas? Os motoqueiros vivem sendo degolados. Culpa de meninos como você, me dá isso já!!" Enquanto a moça foi em direção à porta, Pedrinho tratou de esconder um pedaço do espelho no bolso, resmungando explicou: "eu não vou machucar ninguém, não. Eu só empino na pracinha e o cerol é porque eu gosto de ver as pipas dos outros ou a minha mesmo, dependo da sorte, voar pelo mar que é o céu, feito barco de papel".
Mariana, esse era o nome da moça amarga, tomou das mãos do menino os cacos que restaram e ordenou: "pare com essa conversa mole e vá pra casa. É um absurdo criança ficar na rua até tão tarde ". Pedrinho fez cara de sério, mas logo saiu dando pulinhos de alegria.
Ao fechar a janela, Mariana, viu a Escola virar a esquina, no fim da rua. Olhou para o espelho, buscou no bolso da saia algo perdido, abriu o batom vermelho envelhecido e, com cuidado, pintou os lábios. Soltou os cabelos, desbotoou dois botões da camisa e saiu faceira atrás da escola. Um vento forte soprou e levantou a sua saia, sem que ela se desse conta.
O Gari, que varria a rua, sorriu malicioso e cantarolou o samba enredo:
“Ela desatinou, viu quarta-feira chegar
Acabar brincadeira, bandeiras se desmanchando
E ela inda está sambando
Ela desatinou, viu morrer alegrias, rasgar fantasias
Os dias sem sol raiando e ela inda está sambando..."
quarta-feira, 4 de março de 2009
Beleza e Resignação?

Isso me veio à cabeça, enquanto observava minha sobrinha brincar. Se eu a tocasse, ou chamasse sua atenção, interromperia não apenas o curso de sua brincadeira, mas toda a magia envolvida. Possivelmente, roubaria o sorriso do seu rosto.
Será que foi esse mesmo respeito pela beleza que fez o seu Cesário nunca ver uma ópera inteira em toda sua vida? Mesmo sendo umas das suas paixões. Ou ele preferia partir com elas inacabadas, partindo com elas, ao invés de vê-las finalizadas?
Será que é esse o respeito que devo ter por noites como àquela? Em que as certezas são tão simples como o encaixe das nossas mãos? É... por você, por mim, por Nós, apagarei o seu contato, mudarei de calçada quando te encontrar na rua e, se, por acaso, nossos olhos se cruzarem, te olharei como olho para todos os outros.
Covardia?
Não, coragem. Covardia seria te procurar. Coragem é não tocar em uma história tão linda.
quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009
E lá vem nossa heroína em mais uma aventura
Como toda heroína que se preze, ela tem um ponto fraco, o sono, ou melhor, a ausência dele. Ela resolve paradigmas comendo queijo, mas não mexa no sono da nossa suuuuuuper-heroína. É uma relação de causa e efeito, toda vez que o sono da heroína é afetado, desastres acontecem.
23:00 - Por volta desse horário, ela encerra religiosamente suas atividades . Chega de metrô lotado, de conversas inúteis no MSN, de levar uma hora para dar um pastel para a filha da amiga, de ser paciente com a mãe, que não para de lhe dar conselhos para casar-se, ter filhos e ser feliz, não atende mais o celular, evitando assim amigas carentes e suas sempre perguntas sem fim que não levam a nada, chega de ajudar a amigas a mentir em currículos. Enfim, chega de atos heróicos.
02:00 - No meio da noite acordou, rolava na cama e nada. Como era possível? Seu sono nunca lhe deixara na mão! Depois de eternos minutos, dormiu.
05:00 - Acordou com a mãe, que tivera que sair de casa muito cedo.
05:10 - O cachorro, que é muito apegado à sua mãe, começa a lamúria. O choro era de alguém que acabou de ver seu amor partir para nunca mais voltar. Incessante, sofrido e, principalmente, irritante!
07:00 – Desiste, levanta e vai tomar banho. Nada como um bom banho matinal para renovar as energias. Vai em direção ao quarto dos pais, que tem o melhor chuveiro da casa.
07:05 – Liga o chuveiro, a água está morna, resolve mudar para o quente. Percebe que existem diversas letrinhas sobre o chuveiro. É isso mesmo, nossa heroína tem uma pequena deficiência congênita, é míope. Opta pelo lado esquerdo, com força empurra o botão com ajuda do cabo do rodo. Só se ouve o estouro! Um curto circuito...
07:10 – Positiva, pega o rodo novamente, vai mudar para o lado certo dessa vez e ficará tudo bem... Mas o botão está emperrado, com sua suuuuuuuuper força empurra e bleffffffffiiiiiiiiiitttiiiiiiiiiiiii, arranca o chuveiro, com cano e tudo, da parede.
07:11 - O chuveiro permanece conectado a parede apenas por um fio elétrico.
07:15 - Paralisada, com olhos magnetizados, acompanha o balançar do chuveiro preso ao fio da rede elétrica, tal qual uma sessão de hipnose .
07:20 – Imóvel, nossa super lê, com muito esforço, as letrinhas: Fria, Morna, Quente, Muito Quente. Permanece ali, nua, com o cabo do rodo na mão, lembrando o quanto seu pai gostava de tomar banho naquele chuveiro, o melhor da casa.
07:22 – Depois da paralisia, recupera as forças e vai em direção ao outro banheiro. Pensa: tudo bem, banho, renovo minhas energias e sigo em frente... Liga o chuveiro, água fria, toca o interruptor para acender a luz, nada. O curto circuito foi na rede elétrica da casa...
07:25 – Pensa em banho à sueca, ou, de gato... mas desiste. Afinal, precisa renovar as energias...
07:30 – Vai à cozinha, respira fundo, banho de canequinha também renova energia. Coloca panela no fogo, mas não consegue ligá-lo, fogão elétrico.
07:32 - O vício a salva, encontra o isqueiro junto ao maço de cigarros.
07:40 - Nossa heroína lava o balde. Sim, ela tem super poderes, mas sua pele não está preparada para os produtos químicos terráqueos.
07:45 - Começa o banho de canequinha e se sente uma futurista, afinal, esse será o banho do futuro, devido a escassez de água.
08:20 - chega ao metrô, teme em segurar na barra devido à sua suuuper força, mas não é preciso, a super lotação impede que uma agulha caia no chão. Todos os espaços estão ocupados por corpos, bolsas, mochilas e afins.
09:20 - Chega ao trabalho , tropeça em uma moça atarantada no elevador que, irritada, explica que não consegue chegar ao quarto andar. Nossa heroína explica que ela terá que ir para o outro elevador. A mulher fixa seus olhos nervosos na heroína e diz “hoje ta difícil, sabe aquele dia que nada dá certo?”. A porta do elevador se fecha...
quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009
Love Station

Chego ofegante, mas perco o ônibus. Irrito-me. Minha agitação é neutralizada pela ansiedade da mulher à minha frente. Respiro Fundo. Sinto o cheiro do amor. O amor maduro é elegante e ansioso, a mulher desassossegada espera por alguém... me distraio. Quando vejo, a mulher caminha ao encontro do sossego.
Ele todo sorriso, conta histórias sobre filhos, escolhas e cafés. Lança seu longo braço sobre o corpo dela. A expressão de sua saudade é medida pela a força que emprega ao apertar carinhosamente o antebraço dela. Permanecem conversando, “quase abraçados”. Ela continua ansiosa, mas espera, até o momento que ele a abraça por completo, aí sim, ela se joga e oferece sua boca. O beijo cala o descompasso.
O amor da juventude tem cabelos sedutoramente desalinhados, e caminha em linha reta, vai e volta, vai e volta, vai volta, vai e volta... um vulto passa por mim. É ela correndo, não tenho tempo de vê-lo, ela se joga em seus braços e rouba um beijo.
Minha boca faminta engole seco. Enquanto minha história não chega, farejo à minha volta o amor alheio, que não alimenta, mas me mantém viva.
segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009
Nem tudo virou Musica
Raul Seixas
Estou perdido na varanda de mercúrio sem asas para perseguir o meu eco.
Estou dominado pela rainha Medusa, sentada na sua poltrona de veludo
verde com seus nove cães de prata ao lado.
Estou agora em labirinto de anis, onde mordomos gentis sorriem bemóis.
Me cumprimentam cordialmente, centauros errantes nos pastos lilazes do
lado de fora. Cavalgo em renas de rendas em desvairada velocidade para,
angustiado, alcançar seus cabelos de nylon que enfeitam a bandeira de sonhos.
E lá se vai eu.
Estou correndo no sangue de verdes veias duma idéia que brotou da fonte do
ano que passou.
Sento-me no amarelo. Estou chorando em hipérboles!
Estou perdido na varanda de mercúrio sem asas para perseguir o meu eco.
Estou no espaço cósmico. Na plasmobiose do universo que se agiganta e me
engole.
Estou há bilhões de anos-luz distante de mim mesmo.
Gente de cera lustrosa arrastam seus (corpos?) em direção à porta para o
nada.
Suco de clorofila borbulha em espumas verdosas em canecos de bronze,
onde anões bebem sem boca.
Agora onde estou não sei.
Nem nunca soube.
Estou no cume do arco-íris?
Na parte roxa daquele transferidor?
Sei lá. Nem m’importa.
Sentado, sozinho, sem medo de cair, às sete horas de cores e uma mistura,
eu POUSO PACATO EM PLUTÃO montado numa borboleta gigante, tranqüila,
quieta e colorida.
Pouso pacato em Plutão. Com um guarda-chuva e uma máquina de costura...
(daquelas Singer antigas de pedal, que vovó usava para gorrinhos pra mim).
E a chuva promete não deixar vestígios...
SEIXAS, Raul. As Aventuras de Raul Seixas na Cidade de Thor.; Rio de Janeiro:
Shogun Arte, 1992. Pág 51 e 52.
terça-feira, 3 de fevereiro de 2009
Inês é morta, beijem sua mão.
O rei Pedro I mandou esculpir sua história em detalhes no próprio túmulo. E quando ele morreu, em janeiro de 1367, seu corpo foi enterrado próximo da bem-amada. Os corpos não foram colocados lado a lado, como seria mais natural, mas um de frente para o outro, para que no dia da ressurreição pudessem se levantar e cair nos braços um do outro.
Os suntuosos túmulos de pedra branca dos trágicos amantes podem ser visitados no mosteiro de Santa Maria de Alcobaça. Sobre o de Pedro, está escrito que os dois permanecerão juntos até o fim do mundo...."
Amor morre? Não pra mim, amor é feito passarinho, não morre, migra.
Recentemente reencontrei um amor, foi como visitar um túmulo, estava tudo lá. A mesma árvore onde escrevemos nossos nomes, a mesma casa, o mesmo passeio de moto no fim de domingo, até o mesmo pôr- do- sol. Os mesmos corpos.
Mas ao contrário do que você pode pensar, eu não era Inês, eu era aquela vela acessa que lhe fazia reverência. Não tenho dúvida que, um dia, acordamos eu e o meu amor e permanecemos abraçados até hoje. Não é ficção científica, é sentir .
Acredito que cada um de nós, Pedros e Inês, vivemos em tempos distintos. A magia ou , se preferir, o amor, é o encontro desses tempos. O mistério, o tempo desse encontro é irregular – pra mais ou pra menos, não importa. O pacto se cumpriu. Estão dispersos no tempo e no espaço da eternidade o gosto dos nossos beijos, nossa transpiração, nossa falta de ar, a sonoridade do dilatar nosso coração, o teu cheiro e o meu. .. você e eu estamos pulverizados pelo mundo, quem sabe um beija- flor já se alimentou da doçura de seus lábios ou alguém já sentiu o perfume feito da junção de nossos corpos.
Assim, quando deparar-se com a Inês, não tema, chega de brincar de caça fantasma. Inês está viva, por isso, beije-a!
quinta-feira, 22 de janeiro de 2009
A Volta
Pelo menos pra uma aparição
Não sei se por coincidência ou influência, voltei a ouvir o Ventura...
Segue uma pitada dos caras
Pra confirmar:
Los Hermanos Volta no Show do Radiohead
quinta-feira, 15 de janeiro de 2009
15.01.09
Acordar já no chão já era hábito para ele. Assim seus sonhos eram mais baixos, mais rasos, sonhos médios talvez. Mas eram sonhos firmes.
O trânsito rotineiro também já não espantava ninguém. Aquela cidade parecia ser formada por milhões e milhões de milionários. Milionários não de dinheiro, mas sim de tempo de vida.
A grande maioria dos cidadãos não se importava em esbanjar horas e mais horas de suas vidas paradas em meio ao fluxo de automóveis e coletivos. Alguns diziam que aproveitam para refletir, sonhar e por que não, meditar talvez. Já outros se diziam gladiadores e encaravam seus automóveis como antigas bigas romanas em pleno coliseu lotado. Aquilo aflorava a testosterona que adormecia durante o dia em mesas, repartições e monitores de LCD.
Sim, existiam também os muquiranas, pois também não era raro ver motos e bicicletas passarem apressadas por entre automóveis, ávidos por mais vida, no afã de não gastar um segundo de seu tempo precioso à toa. Mas é uma análise complicada. Há os que pensavam que esses eram realmente jogadores compulsivos que apostavam todo o seu tempo de vida em apenas uma jogada nos corredores fatais das marginas, vinte e três e radiais daquela megalópole tresloucada.
O horizonte da cidade já mostrava aos que chegavam sua intenção. A camada de névoa que carregava sua atmosfera mesmo nos dias de Sol forte abrasador deixava claro à todos que ali era espaço de produção, de movimentação. Ficar parado era o maior dos pecados e ter pulmão fraco a pior das deficiências.
Esse era o cenário daquele que acordava já no chão. Ali era sua terra, e assim como funcionava a cidade funcionava seu corpo.
terça-feira, 13 de janeiro de 2009
Açafrão

Fay nascera em Nova Orleans. Quando tinha dezesseis anos foi cortejada por um homem de quarenta, de quem sempre gostara por sua aristocracia e distinção. Fay era pobre. As visitas de Albert eram acontecimentos para a família dela. Por sua causa, a pobreza deles era rapidamente disfarçada. Albert vinha como uma espécie de liberdade, a falar de uma vida que Fay nunca conhecera, do outro lado da cidade.
Naquela noite, Fay se transformou em uma mulher, fazendo segredo de sua dor, disposta a salvar sua felicidade com Albert, a mostrar a sabedoria e refinamento. Quando ele se deitou ao seu lado, ela murmurou:
segunda-feira, 5 de janeiro de 2009
Férias Uma Pipoca
É verdade que a inspiração ainda não chegou, porém enquanto ela não floresce, vamos adubando um terreno com uma coisa sutil.
A Internet realmente parece que chegou para quebrar muitos paradigmas. Se você não sabe usar a Internet, pergunta para ela, ela te ensina.
Ps. Não lembra Novos Baianos?
Férias
Voltarei a postar em fevereiro. Agradeço a todos os leitores e comentadores. São os comentários que iluminam o blog!
Lindo Ano Novo!!!
Ah! Tenho um pedido: adoraria conhecer os leitores silênciosos...rs
Que venha 2009