
Chego ofegante, mas perco o ônibus. Irrito-me. Minha agitação é neutralizada pela ansiedade da mulher à minha frente. Respiro Fundo. Sinto o cheiro do amor. O amor maduro é elegante e ansioso, a mulher desassossegada espera por alguém... me distraio. Quando vejo, a mulher caminha ao encontro do sossego.
Ele todo sorriso, conta histórias sobre filhos, escolhas e cafés. Lança seu longo braço sobre o corpo dela. A expressão de sua saudade é medida pela a força que emprega ao apertar carinhosamente o antebraço dela. Permanecem conversando, “quase abraçados”. Ela continua ansiosa, mas espera, até o momento que ele a abraça por completo, aí sim, ela se joga e oferece sua boca. O beijo cala o descompasso.
O amor da juventude tem cabelos sedutoramente desalinhados, e caminha em linha reta, vai e volta, vai e volta, vai volta, vai e volta... um vulto passa por mim. É ela correndo, não tenho tempo de vê-lo, ela se joga em seus braços e rouba um beijo.
Minha boca faminta engole seco. Enquanto minha história não chega, farejo à minha volta o amor alheio, que não alimenta, mas me mantém viva.
8 comentários:
Putz, muito legal esse texto Clau, de verdade. A frase final "farejo à minha volta o amor alheio, que não alimenta, mas me mantém viva" é fantástica. Já farejei incontáveis vezes o amor alheio, acho às vezes que esse cheiro não produz mais o efeito desejado. É que também sinto um misto de tristeza e ciúmes, que suga as forças...mas é coisa passageira, e logo chega um sopro da vida através de um olhar ou um sorriso tímido...Maravilhoso texto!!!
eita...
uma hora chega...
xD
Que percepção... poucos a tem hermana querida...
Mas tenha calma, nossa hora chegará querida...
Como dizem, tem sempre um chinelo veio pra um pé torto rsrs
amo-te querida
Ai Clau,
Acho que eu ando desembarcando em estações erradas! rsrsrsrs
Mas acredito fielmente que um dia desembarco do lado certo do trem, tomando sempre mto cuidado com o espaço entre o trem e a plataforma! hahaha
Beijos, flor!
é, uma bela observação, mesmo que como figurante. Mas a vida vai mudando os agentes, de forma cíclica e sempre chega a hora que somos escalados como protagonistas.
Abra-te! E o mundo lhe preencherá!
"...farejo à minha volta o amor alheio, que não alimenta, mas me mantém viva".
Você foi sensacional quando disso isso assim.
Lindo texto, Clau!
Beijos. =)
Ahhhh estas estações! Quantas histórias passeiam por lá...
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