quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Dia estranho

11:00 -Há dias que está tudo certo. Post feito. Avenida reta. Um carro cruza o farol vermelho e te abate. Foi o que aconteceu, hoje, com a senhora que cruzava a avenida Francisco Matarazzo, esquina com o Parque da água Branca, foi atropelada pela vida. E o post certo, agora, é o errado.
Antes:
9:30 - Acordei com o telefone tocando, minha irmã me despertou, pois esqueci meu despertador, o meu celular, na casa dos meus pais. Estava saindo de casa, quando lembrei que esqueci de colocar água para planta - deixei a porta entre aberta - foi o tempo de buscar água e abrir a janela, quando voltei à porta, tinha um homem parado. Dei um grito falho - um daqueles momentos que tudo parece em câmera lenta - e questionei: o que é isso? O homem pediu desculpas e saiu. Foi para o apartamento 121, perto do elevador. Moro no 125, meu apartamento é no canto e o último do andar, não dá passagem para nenhum lugar, não há motivo para alguém ir até lá, a menos que vá até minha casa. A visão daquele homem olhando minha casa, me assustou. Claro que me senti invadida, minha bagunça de dias à mostra, mas foi bem mais do que isso. Nunca senti medo de morar sozinha. Mas ver alguém dentro da minha casa, sem o meu consentimento, me tirou do eixo.
10:25 - O caixa do banco sorridente perguntou: Tudo bem? Aquilo foi tão estranho, alguém que não conheço perguntando se eu estava bem. Respondi comercialmente: tudo bem.
10: 45 - Um homem exótico entra no ônibus, ele era bonito, mas um bonito-desconhecido, não consigo definir sua nacionalidade. Latino Americano sim, mas com um tom de pele que foge do branco ou moreno, olhos que lembram os dos chineses, porém claros.
11:00 - Ele desce, o trânsito para dentro do túnel, a ambulância tenta passar, é o anúncio do acidente - sua sirene constrange todos os passageiros, não era a sirene usual : íon,ionn, era continuo, parecia a representação do quadro o Grito, continuo em sua angústia.
12:00 - Chego no trabalho, antes de entrar, percebo que o moço que sempre cruza comigo na mesma calçada, mudou de lado.
Tudo parece tão calmo agora, olhando pela janela: a mesma planta seca no quintal;as mesmas paredes; a mesma escada abandona no canto; o mesmo sol de inverno. Só não sei precisar a razão dessa “inquietude” que corre sem parar entre meu estômago e meus olhos.


Ps: O post "certo" fica para semana que vem, se a vida não me atropelar.

3 comentários:

D. Brait disse...

Clau, amiga...
nesses dias tão estranhos, fica poeira se escondendo pelos cantos...

Vanessa disse...

Clauuu,

VocÊ tem que escrever sempre! Adoro suas pitadas cotidianas!

beijos,
Vanessa

"Crime de poeta é ferir as palavras e assassinar os versos!" disse...

"A vida sempre nos prega peças...e o q sabe viver bem sabe também lidar com os improvisos...muito bem escrito..."