quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

A Volta

Depois de uma pausa produtiva e muito saudável, surge a notícia que os brothers voltaram...

Pelo menos pra uma aparição

Não sei se por coincidência ou influência, voltei a ouvir o Ventura...

Segue uma pitada dos caras



Pra confirmar:
Los Hermanos Volta no Show do Radiohead

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

15.01.09

Acordar já no chão já era hábito para ele. Assim seus sonhos eram mais baixos, mais rasos, sonhos médios talvez. Mas eram sonhos firmes.

O trânsito rotineiro também já não espantava ninguém. Aquela cidade parecia ser formada por milhões e milhões de milionários. Milionários não de dinheiro, mas sim de tempo de vida.

A grande maioria dos cidadãos não se importava em esbanjar horas e mais horas de suas vidas paradas em meio ao fluxo de automóveis e coletivos. Alguns diziam que aproveitam para refletir, sonhar e por que não, meditar talvez. Já outros se diziam gladiadores e encaravam seus automóveis como antigas bigas romanas em pleno coliseu lotado. Aquilo aflorava a testosterona que adormecia durante o dia em mesas, repartições e monitores de LCD.

Sim, existiam também os muquiranas, pois também não era raro ver motos e bicicletas passarem apressadas por entre automóveis, ávidos por mais vida, no afã de não gastar um segundo de seu tempo precioso à toa. Mas é uma análise complicada. Há os que pensavam que esses eram realmente jogadores compulsivos que apostavam todo o seu tempo de vida em apenas uma jogada nos corredores fatais das marginas, vinte e três e radiais daquela megalópole tresloucada.

O horizonte da cidade já mostrava aos que chegavam sua intenção. A camada de névoa que carregava sua atmosfera mesmo nos dias de Sol forte abrasador deixava claro à todos que ali era espaço de produção, de movimentação. Ficar parado era o maior dos pecados e ter pulmão fraco a pior das deficiências.

Esse era o cenário daquele que acordava já no chão. Ali era sua terra, e assim como funcionava a cidade funcionava seu corpo.

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Açafrão


Numa pequena livraria, em um sábado a tarde, na Rua Fradique Coutinho. Um visita despretensiosa me apresentou uma autora francesa, falecida em 1977. Nascida em Paris no ano 1903, Anaïs Nin tem um conhecimento sobre a sensualidade que muitas pessoas nos meados no século 21 se espantariam.


Pequenos Passáros: Contos Eróticos. Essse é o livro, e como o nome mesmo diz, nós trás diversos contos, que contam sentimentos, experiências e prazeres diversos, de pessoas diversas, sempre com o sexo, ou melhor, a sexualidade e a sensualidade no centro das histórias.


Em poucas horas consumi todo o livro. Horas de leitura agradabilissíma. De maneira aleatória, escolhi um dos contos, com certeza não dos melhores, mas sim dos menores, afinal teria o que o transcreve-lo por inteiro. rsrs.


Vale pelo conhecimento. Infelizmente não tive como pedir autorização para a falecida autora, porém não me inibi em compartilha-los com os frequentadores desse famigerado blog. Sendo assim segue. Aproveitem essa pitada de Anaïs Nin.






Açafrão

Fay nascera em Nova Orleans. Quando tinha dezesseis anos foi cortejada por um homem de quarenta, de quem sempre gostara por sua aristocracia e distinção. Fay era pobre. As visitas de Albert eram acontecimentos para a família dela. Por sua causa, a pobreza deles era rapidamente disfarçada. Albert vinha como uma espécie de liberdade, a falar de uma vida que Fay nunca conhecera, do outro lado da cidade.

Quando se casaram, Fay foi instalada como uma princesa na casa dele, que ficava escondida em meio a um imenso parque. Belas mulheres negras a serviam. Albert a tratava com extrema delicadeza.

Na primeira noite ele não a possuiu. Alegou que era uma prova de amor não forçar a esposa, e sim conquistá-la lentamente, até que estivesse preparada e disposta a ser possuída.

Ele foi até o quarto dela e limitou-se a acariciá-la. Deitaram-se, cercados pelo cortinado branco, como se estivessem dentro de um véu nupcial, a se acariciarem e se beijarem na noite quente. Fay sentiu-se fraca, parecia ter sido drogada. Cada novo beijo ia dando nascimento a uma outra mulher, ia expondo uma nova sensibilidade. Depois, quando ele a deixou, ficou se virando na cama, incapaz de dormir. Albert tinha acendido pequenas fogueiras sob sua pele, correntes elétricas que a conservavam desperta.

Ela foi intensamente atormentada desse modo por diversas noites. Sendo inexperiente, não tentou provocar a consumação do ato sexual. Limitava-se a ceder àquela profusão de beijos no seu cabelo, pescoço, ombros, braços, costas, pernas... Albert se deliciava beijando-a até que gemesse, certo de ter acordado uma verdade adormecida de sua carne, e então sua boca seguia em frente.

Assim, ele descobriu a trêmula sensibilidade de Fay debaixo dos braços, no ponto onde nasciam os seios, as vibrações que corriam entre os mamilos e seu sexo, assim como entre a boca do seu sexo e os lábios, todas as ligações misteriosas que estimulam e excitam outros lugares além daquele que está sendo beijado, correntes que vão da raiz do cabelo à base da espinha. Cada ponto que beijava ele louvava com palavras de adoração, observando as covinhas na extremidade de suas costas, a firmeza de suas nádegas, a curvatura pronunciada da sua coluna, que tanto arrebitava o traseiro de Fay, “como de uma negra”, dizia ele.

Albert passava os dedos à volta dos tornozelos de Fay, detinha-se nos seus pés, que eram perfeitos como as mãos, acariciava vezes sem conta o perfil de estátua do seu pescoço, perdia-se na sua cabeleira comprida e cheia.

Os olhos dela eram longos e estreitos como os de uma japonesa, sua boca, generosa, os lábios, sempre entreabertos. Seus seios arfavam quando Albert a beijava e marcava a linha dos seus ombros com os dentes. Mas, depois, quando Fay começava a gemer, ele a deixava, fechando o mosquiteiro branco cuidadosamente, protegendo-a como se fosse um tesouro, deixando-a com o líquido do amor escorrendo por entre as pernas.

Uma noite, como era comum, ela não conseguiu dormir. Deixou-se ficar sentada na cama, nua. Quando se levantou para procurar o quimono e as sandálias, uma gotinha de mel rolou do seu sexo e desceu pela perna, até ir marcar o tapete branco. Fay não conseguia entender o autocontrole de Albert, sua reserva. Como podia ele subjugar seu desejo e dormir depois de tantos beijos e carícias? Nem sequer tinha chegado a tirar completamente a roupa. Ainda não vira seu corpo.

Decidiu sair do quarto e andar um pouco até se acalmar de novo. Todo o seu corpo latejava. Desceu vagarosamente a larga escadaria e saiu para o jardim. O perfume das flores a deixou tonta. Os galhos das árvores caíam languidamente por cima dela, e o musgo que recobria os caminhos tornava seus passos absolutamente silenciosos. A impressão que tinha era a de que estava sonhando. Caminhou sem destino por longo tempo. De repente, um ruído a assustou. Era um gemido, um gemido ritmado como o de uma mulher se lamentando. A luz da lua que atravessava a ramaria das árvores expôs uma negra deitada sobre o musgo, com Albert por cima dela. Os gemidos da mulher eram de prazer. Albert a esmagava como um animal selvagem e se atirava, também ritmadamente, de encontro a ela. Ele, da mesma forma que sua parceira, deixava escapar gritos confusos e desconexos. Diante dos olhos de Fay, os dois se deixaram levar, convulsivamente, pelos violentos prazeres do êxtase.

Nenhum dos dois viu Fay, que se conservou em silêncio, paralisada pela dor. Depois de algum tempo correu de volta para casa, curvada ao peso da humildade de sua juventude, de sua inexperiência; torturavam-na inúmeras dúvidas a respeito de si própria. A culpa seria sua? Em que tinha falhado, o que tinha deixado de fazer para agradar a Albert? Por que ele tivera que deixá-la e fora procurar aquela negra? A cena selvagem não saia de seus olhos. Culpou-se por ter caído sob o encantamento de suas carícias e por, talvez, não ter agido como serio do desejo dele. Sua própria feminilidade a condenara.

Albert poderia ter-lhe ensinado. Ele dissera que estava conquistando aos poucos... esperando. Tudo o que tinha a fazer era sussurrar umas poucas palavras. Estava pronta a obedecer. Sabia que ele era mais velho e que ela era inocente. Tinha esperado ser ensinada.
Naquela noite, Fay se transformou em uma mulher, fazendo segredo de sua dor, disposta a salvar sua felicidade com Albert, a mostrar a sabedoria e refinamento. Quando ele se deitou ao seu lado, ela murmurou:

_ Eu gostaria que você tirasse a roupa.

Albert pareceu espantar-se, mas consentiu. Foi só então que ela viu seu corpo ainda jovem, esbelto, o cabelo muito branco e brilhante, uma curiosa mescla de juventude e idade. Ele começou a beijá-la. Ao mesmo tempo, com timidez, a mão dela moveu-se para seu corpo. A princípio estava assustada. Tocou no peito dele, depois em seus quadris. Albert continuou a beijá-la. Devagar a mão de Fay procurou seu pênis. Ele fez um movimento para se afastar. Estava mole. Albert começou a beijá-la entre as pernas, murmurando sem parar a mesma frase:

_ Você tem o corpo de um anjo. É impossível que um corpo desses tenha um sexo. Você tem um o corpo de um anjo.

De repente, Fay teve um assomo de raiva, raiva por ele ter afastado o pênis de sua mão. Sentou-se, o cabelo despenteado caindo-lhe nos ombros, e disse:

_ Eu não sou anjo, Albert. Sou uma mulher. Quero que você me ame como mulher.

Seguiu-se a noite mais triste da vida de Fay, por que Albert quis possuí-la e não conseguiu. Ele ensinou as mãos dela a acariciá-lo. Seu pênis endurecia, ele começava a colocá-lo entre suas pernas, mas logo amolecia de novo entre as mãos de Fay.

Albert permanecia em silêncio, tenso. Fay podia ver pela expressão do seu rosto o quanto estava atormentado. Tentou muitas vezes. Dizia:

_ Espere um pouco, um pouquinho só.

Dizia isso com humildade, delicadamente. Fay permaneceu ali deitada, pelo que pareceu toda uma noite, molhada, desejosa, ansiosa, enquanto tentava possuí-la e falhava, voltava e a beijava como que para compensá-la pelo sacrifício. Fay chorou.

Essa mesma cena se repetiu por duas ou três noites, após o que Albert não mais foi ao seu quarto.

E quase todos os dias Fay via sombras no jardim, sombras que se abraçavam. Tinha medo de sair do quarto. A casa era completamente acarpetada e silenciosa, e, uma vez, quando subia as escadas, surpreendeu Albert montado em uma das criadas negras, com as mãos por baixo de sua saia rodada.

Fay ficou obcecada com os gemidos que ouvia. Tinha a impressão de ouvi-los o tempo todo. Uma vez foi até o quarto das criadas, que ficava em uma outra casa menor, e prestou atenção. Ouviu os mesmos gemidos que tinha ouvido no jardim. Caiu no choro. Uma porta se abriu. Mas não foi Albert quem saiu de lá de dentro e sim um dos jardineiros, também negro, que encontrou Fay soluçando.

Albert acabou por possuí-la na mais insólita das circunstâncias. Iam dar uma festa para amigos espanhóis. Embora raramente fizesse compras, Fay foi até a cidade para comprar um tipo especial de açafrão para temperar o arroz, uma marca extraordinária que acabara de chegar em um navio que viera da Espanha. Foi agradável comprar aquele açafrão tão fresco. Fay sempre gostara de cheiros de docas, de armazéns. Quando os pequenos pacotes de açafrão lhe foram entregues, colocou-os numa bolsa que carregou de encontro ao seio, debaixo do braço. O cheiro era forte, embebeu-se em suas roupas, mãos, o corpo todo.

Quando chegou em casa, Albert estava à sua espera. Veio ao seu encontro no carro e puxou-a para fora, rindo, alegre. Ao fazê-lo, com ela ainda nos braços, ele percebeu.

_ Você esta cheirando a açafrão!

Fay percebeu um brilho curioso nos olhos de Albert, que comprimiu o rosto de encontro aos seus seios, cheirando-a. Depois a beijou. Seguiu-a até o quarto, onde ela atirou a bolsa em cima da cama. A bolsa abriu-se. O cheiro de açafrão encheu o quarto. Albert fez com que se deitasse, completamente vestida, e, sem beijos ou carícias, possuiu-a.

Quando terminou, ele disse, feliz da vida:

_Você está com cheiro de uma preta.

O encanto estava desfeito.

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

Férias Uma Pipoca

Não Senhor. Enquanto a ala feminina sai de férias eu me nego.

É verdade que a inspiração ainda não chegou, porém enquanto ela não floresce, vamos adubando um terreno com uma coisa sutil.

A Internet realmente parece que chegou para quebrar muitos paradigmas. Se você não sabe usar a Internet, pergunta para ela, ela te ensina.
Queria eu postar vídeos. Tentei de algumas maneiras, mas sem muito sucesso, quando me ocorreu jogar no google. "Como publicar vídeos no blogspot". A resposta veio em vídeo. Tente e verá. Muito simples. Pronto, deram um revolver na mão de macaco.
Andei lendo em alguns sites que a alguns anos já existem os WebBots. Pelo que entendi são supercomputadores que pesquisam em toda a Internet padrões de comportamento de toda a humanidade e fazem previsões sobre o futuro. Tipo um Nostradamus constituídos de bits. Dizem que previram a tsunami que arrasou a Ásia, o Furacão Katrina, e diversos ataques militares. Dentre as descobertas desses WebBots está o fim do mundo. Dizem que acabará em 2012, pra ser mais exato no dia 21 de Dezembro. Tem algumas teorias Maias que dizem isso também. Enfim, não vamos polemizar, enquanto o mundo não acaba, vamos ouvindo um som pra amenizar.
Trata-se do Little Joy, formado pelo Rodrigo Amarante, ex-Los Hermanos, uma mina que não sei qual o nome, mas é estilosa pra caramba e aquele Baterista do Strokes que por acaso é Brasileiro, mas cujo qual tambem não me recordo o nome. Mas pra quem possa se interessar, é só jogar no Google, ele te dará a resposta. Afinal, já deu até a data do fim do mundo, o que seria o nome de uma banda.
É tanta coisa nesse mundo virtual que eu me pergunto. O que está fazendo aqui lendo essa viagem? rsrs
Enfim, Enjoy.




Ps. Não lembra Novos Baianos?

Férias

Queridos,

Voltarei a postar em fevereiro. Agradeço a todos os leitores e comentadores. São os comentários que iluminam o blog!

Lindo Ano Novo!!!

Ah! Tenho um pedido: adoraria conhecer os leitores silênciosos...rs

Que venha 2009